"Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor."

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Informe







Informe aos jornais que já não há
O que publicar nessa república.
(Res publica, coisa pública que nada!)
Covil de ladrões.

Informe aos estudiosos [os que se importem com minha métrica]
Que não houve revolução, tão-pouca evolução
Nesse mundo, tão caolho,
Tão caótico.

Informe aos poetas que não haverá
Pedra sobre pedra, poema sobre poema
Quando este mundo acabar,
E só sobrar nós dois.



Matheus de A. Queiroz

sábado, 27 de setembro de 2014

Medicina


          Estes versos não são de hoje. Acho que os fiz já faz um tempo, mas certamente são relevantes, principalmente nos dias de hoje. Nós aprendemos na faculdade muitas coisas certamente vitais pra formação de um bom médico, mas uma coisa que não nos ensinam com o devido afinco é a ser o mais humano possível. Não vou negar que inevitavelmente a profissão nos torna mais insensíveis ao sofrimento alheio. Seria tolice dizer que o médico deve padecer a cada dor, a cada sofrimento daqueles de quem ele cuida. O papel do médico é ser uma âncora no oceano do sofrimento. Abaixo um retrato do que muitas vezes só podemos fazer: observar e estar presente. Um quadro de Luke Fildes, um pintor inglês do século XIX, "The Doctor".





Medicina

Quem disse que o paciente é o mais importante?
Se ele espera, paciente,
Ciente de todos os seus males,
É certamente um desocupado, um ignorante.

E o que dizer do cliente,
Que a mesma rima posso usar?
Este é o pior de todos.
Sempre esquecido pelos ausentes médicos.

O único a que se deve o respeito, caros colegas,
É aquele,
Escrito ainda nos rudimentos da humanidade:
O ser humano.


Matheus de A. Queiroz

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Andarilho





Andarilho


Tenho saudades.
Saudades do que não vivi.
Das velhas coisas de uma outra infância.
De uma outra vida.
De uma outra vida que não vivi.

Lembranças que acontecem.
Memórias de um passado.
Remoto, mas tão presente.
Que cirandam diante destas janelas.
E saem à porta desta casa.

E, ao fim do dia.
Quando o Sol se põe sob a terra molhada.
Ponho-me a andar.
Andar sobre trilhos.

E o caminho é cansaço.
A vida é curta.
Tão curta.
Como o pôr-deste-sol.



Matheus de A. Queiroz

Sobre o amor, as estações e outras paixões




Sobre o amor, as estações e outras paixões



nulla est sine amore poemata


Os poemas, emissários de terras desconhecidas, são o vento de outono; 
Soprando, soprano, a melodia daqueles dias estivais.

Os versos, breves e eternos, nascem em cada abrasado olhar despretensioso,
E desfalecem sob a chuva outonal.

Que dizer das rimas?
Meras agonistas risas, rasas? 
Remetem ao passar, estrada ao Castelo.

Cem poesias, um Castelo
Um Castelo, uma vida
Uma vida, o Amor
O amor, um verão de versos.

Matheus de A. Queiroz


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

As coisas como são (e como deveriam ser)



As coisas como são (e como deveriam ser)



Pressa, pressão, impressão.                            
Todos, toscos, tangem
A vida que é viagem.

A vida que passa
Sem passo, compasso
É saudade pros esquecidos
E indiferença aos transeuntes.

E o desabrochar, desvencilhar,
Da morte em Vida,
Resume, ao indiferente transeunte,
O mistério da Graça.

Matheus de A. Queiroz